6 – COMET trial

Monitoramento Ativo de Carcinoma Ductal in situ (CDIs)

Este foi um estudo prospectivo, randomizado e de não inferioridade  apresentado pela Ann Partridge e já publicado no JAMA  que incluiu, aproximadamente, 1000 pacientes com 40 anos ou mais  com diagnóstico de carcinoma ductal in situ (CDIs) RH +, GN1  ou 2 com o objetivo de avaliar o monitoramento ativo com mamografias mais frequentes de  pacientes com CDIs ou o tratamento padrão com cirurgia seguida ou não de radioterapia.  A maioria das pacientes recebeu terapia endócrina. O desfecho 1o era avaliar o risco cumulativo de câncer invasivo ipsilateal em 2 anos. Com um tempo mediano de seguimento de aproximadamente 3 anos, 5,2% das pacientes do grupo do tratamento padrão desenvolveram câncer de mama invasivo, enquanto apenas 4,2% das pacientes do grupo de monitoramento apresentaram o mesmo desfecho. Embora esses resultados de descalonamento de tratamento sejam importantes, o estudo precisa acompanhar as pacientes por mais anos para confirmar esses achados e validar a segurança do monitoramento ativo.

7 – CamRelief

Camrelizumabe em combinação com quimioterapia para pacientes com câncer de mama triplo negativo.

Este é um estudo chinês de fase 3 já  publicado no JAMA que incluiu pacientes com câncer de mama triplo negativo estádio II ou III sem tratamento sistêmico prévio e que mostrou que  em todos os pacientes o regime com Camrelizumabe (anticorpo anti – PD1)   + quimioterapia obteve uma taxa de resposta patológica completa (pCR) de 56,8%, em comparação com 44,7% apenas com quimioterapia, resultando em uma diferença de 12,2% entre os grupos de tratamento. A quimioterapia utilizada foi Nab-Paclitaxel + Carboplatina seguida por Epirrubicina + Ciclofosfamida. Houve uma boa adesão nos 2 grupos de tratamento. Mas é importante destacar que no grupo co Camrelizumabe houve 2 óbitos ( 1 por doeça  pulmonar intersticial e outro problema cardíaco súbito). O follow-up foi de aproximadamente 14 meses e nós devemos aguardar dados de sobrevida livre de eventos. Mas,  fazendo um paralelo com o KN 522 que já mostrou  ganho de SG, no CamRelief, a Capecitabina era permitida e o AC utilizado foi dose densa. Além disso, o Nab-Paclitaxel + Carboplatina AUC de 5 foi utilizado durante 16 semanas ao contrário das 12 semanas do estudo KN 522 e os pacientes N3 eram permitidos, ao contrário do KN 522.



8 – Sexo, Drogas & Rock and Roll

Esta sessão explorou a relação entre os  fatores de estilo de vida e o cuidado com o câncer, abordando tópicos como SUPLEMENTOS,  CANNABIS, SAÚDE SEXUAL, EXERCÍCIOS DURANTE O TRATAMENTO e NUTRIÇÃO.

SUPLEMENTO E CANNABIS

Em relação aos suplementos, a apresentadora trouxe dados de que 50-85% dos pacientes com câncer  de mama fazem uso de suplementos dietéticos após o diagnóstico do câncer de mama. Porém é  necessário saber se eles são seguros e se funcionam.

Em relação a vitamina D, estudos observacionais mostraram melhores benefícios para mulheres com câncer de mama com níveis > 30ng/ml. Então é recomendado evitar deficiência dessa vitamina . Em relação a outros suplementos como multivitaminas, ômega-3, cúrcuma, melatonina e cogumelos medicinais, esses  podem ter riscos potenciais, sendo visualizado in vitro efeitos pró-estrogenicos da cúrcuma e multivitaminas por exemplo. Estudos observacionais já haviam demonstrado pior sobrevida em pacientes com  câncer de mama em uso de ferro, B12 e vitamina A utilizados durante a quimioterapia.  Importante saber que não é porque é considerado natural que é seguro.

Em relação a cannabis, ela traz que os 2 componentes THC e CDB tem potenciais benefícios terapêuticos na dor, sono, epilepsia e ansiedade, Mas seu uso levanta preocupações relacionadas a segurança, como dependência, riscos cardíacos e síndrome de hiperêmese. O s principais desafios são: ausência de pesquisas robustas nesta área e dados limitados sobre formulação, dose e duração de uso. Outro ponto importante é que o uso de cannabis por pacientes com câncer pode causar interações significativas com outros medicamentos devido ao impacto no metabolismo de drogas. As evidências ainda são limitadas e de natureza pré-clínica. Segundo o último Guideline da ASCO, a  canabis e canabinoides tem uma evidencia fraca para utilização em náuseas e vômitos refratários.

Alguns suplementos como aloe vera, glutamina, guaraná e acetil-L-carnitina não são recomendados para pacientes com cancer de mama devido ausência de benefícios.

SEXUALIDADE APÓS O DIAGNÓSTICO DE CÂNCER

Nesta aula, o apresentador traz o dado de que a incidência de problemas sexuais após o diagnóstico de câncer de mama é muito comum variando entre 50-90%.

E como temos cada vez mais sobreviventes do câncer de mama, isso pode ser um problema, já que menos de 50% dos profissionais de saúde abordam essa questão.

É importante lembrar que saúde sexual não é apenas o ato sexual em si, mas envolve  intimidade, desejo e imagem corporal.

E existem estratégias para lidar com isso que podem ser discutidas com o oncologista.

EXERCÍCIOS FÍSICOS DURANTE O TRATAMENTO DO CÂNCER

O apresentador traz que o exercício físico  durante o tratamento do câncer:
• Reduz fadiga, ansiedade, depressão e efeitos colaterais do tratamento.
• Melhora o sono, qualidade de vida, condicionamento cardiorrespiratório, aptidão muscular e funcionamento físico.

Dados combinados de três coortes de pacientes com câncer de mama mostram que a atividade física pode estar relacionada a
• 48,5% de redução na mortalidade
• 31% de redução na recorrência do câncer de mama.

ALIMENTAÇÃO

Evidências crescentes indicam que padrões alimentares podem influenciar o risco de mortalidade geral e outros desfechos após o diagnóstico de câncer de mama.
Padrões alimentares mais saudáveis estão consistentemente associados a menores taxas de mortalidade geral.

9 – Estudo BRCA BCY Collaboration

Portadores de mutação BRCA com histórico de câncer de mama  podem se beneficiar de cirurgia de redução de risco

Uma análise de um estudo retrospectivo, multicêntrico com, aproximadamente, 5000 pacientes com variantes patogênicas ou potencialmente patogênicas em BRCA na linhagem germinativa foi realizado para avaliar a relação entre mastectomia bilateral de redução de risco e/ou salpingo-ooforectomia profilática com os resultados de sobrevida em pacientes haviam sido diagnosticadas com câncer de mama em estágio 1-3 antes dos 40 anos. O pesquisador italiano Lambertini apresentou esse estudo.

Nós já sabíamos dos benefícios dessa cirurgia para as pacientes sem histórico prévio de câncer, porem o impacto para aquelas que já tiveram cancer de mama não era evidente. Das participantes, 3.888 realizaram pelo menos uma cirurgia para redução de risco. Destas, 55,0% (2.910) foram submetidas à mastectomia bilateral de redução de risco, enquanto 52,6% (2.782) passaram por salpingo-ooforectomia preventiva.

Este estudo então mostrou que a mastectomia bilateral de redução de risco e/ou salpingoooforectomia profilática estão associados a uma melhora na sobrevida global, sobrevida livre de doença e no intervalo livre de doença. Isso é importante para que reforcemos as nossas orientações de aconselhamento genético em relação a essas cirurgias profiláticas.