O Agosto Dourado é um mês dedicado à promoção do aleitamento materno, ressaltando a sua importância não apenas para a saúde do bebê, mas também para a saúde da mãe. O leite materno é considerado o “padrão ouro” de nutrição infantil, essencial para o desenvolvimento saudável das crianças. Os benefícios da amamentação se estendem, também,  à prevenção de doenças na mãe, como a redução do risco de câncer de mama e câncer de ovário.

 

A amamentação exclusiva por mais de 6 meses tem sido consistentemente associada a uma diminuição do risco de câncer de mama. Estudos epidemiológicos sugerem que mulheres que amamentam por mais tempo têm um risco significativamente menor de desenvolver câncer de mama em comparação com aquelas que nunca amamentaram ou amamentaram por períodos curtos. Em um estudo realizado pelo Collaborative Group on Hormonal Factors in Breast Cancer (Grupo Colaborativo sobre Fatores Hormonais no Câncer de Mama), os pesquisadores descobriram que, a cada 12 meses que uma mulher amamenta, seu risco de câncer de mama diminui em 4,3%. O estudo comparou as mães que amamentaram com as que não amamentaram. O estudo também constatou que o período de 12 meses poderia ser com um único filho ou com um total de vários filhos. Este efeito protetor pode ser explicado por vários mecanismos biológicos:

 

– Redução da exposição ao estrogênio:

Mulheres que amamentam experimentam amenorreia (ausência de menstruação) por períodos prolongados. Isso leva a uma redução no número de ciclos menstruais ao longo da vida, diminuindo a exposição ao estrogênio que está relacionado com proliferação celular descontrolada no câncer de mama.

 

– Diferenciação celular:

A lactação promove a diferenciação completa das células da mama, um processo em que as células se tornam mais diferenciadas e, consequentemente, menos susceptíveis a proliferação celular descontrolada relacionada com o câncer de mama.

 

Importante salientar que além do câncer de mama, a amamentação também está associada a uma menor incidência de câncer de ovário. O mecanismo exato pelo qual a amamentação reduz o risco de câncer de ovário não é completamente compreendido, mas algumas teorias são a supressão da ovulação. Pesquisadores australianos descobriram que as mulheres que amamentaram por mais de 13 meses tinham 63% menos probabilidade de desenvolver câncer de ovário do que as mulheres que amamentaram por menos de sete meses.

 

Promover e apoiar a amamentação é uma medida de saúde pública extremamente importante com benefícios que se estendem ao longo da vida, reduzindo significativamente os riscos de câncer de mama e ovário. Como profissionais de saúde, é nosso dever encorajar e educar sobre os benefícios da amamentação, fornecendo às mães o suporte necessário para que possam amamentar com sucesso e segurança.

 

Referências Bibliográficas:

  1. Breastfeeding and breast cancer risk by receptor status. A systematic review and meta-analysis. AUIslami F, Liu Y et al. Ann Oncol. 2015;26(12):2398. Epub 2015 Oct 26.
  2. Breast cancer and breastfeeding: collaborative reanalysis of individual data from 47 epidemiological studies in 30 countries, including 50302 women with breast cancer and 96973 women without the disease. AUCollaborative Group on Hormonal Factors in Breast Cancer. Lancet. 2002;360(9328):187.
  3. Luan NN, Wu QJ, Gong TT, Vogtmann E, Wang YL, Lin B. Breastfeeding and ovarian cancer risk: a meta-analysis of epidemiologic studies. Am J Clin Nutr. 2013;98(4):1020-1031.